Alumia Digital ícone – logomarca
  • Sobre
  • Contato
  • Blog
  • Loja
31 99882-8977 Curso - A Arte de Educar
31 99882-8977 Curso - A Arte de Educar
Alumia Digital – logomarca

Piaget: quem foi e o que sua teoria ensina para mães, pais e educadores

Piaget - biografia e lições práticas para a educação parental

Frederico Leal

Tempo de leitura: 8–10 min

Em poucas linhas

Jean Piaget (1896–1980) foi o psicólogo suíço que mostrou ao mundo que crianças não são adultos em miniatura: elas constroem conhecimento passo a passo, reorganizando suas ideias a partir da experiência [1, 2, 3]. Para a educação parental, isso se traduz em criar contextos de exploração, brincar todos os dias, fazer perguntas que instigam o pensamento e ajustar expectativas ao nível de desenvolvimento [4, 5, 6].

Quem foi Jean Piaget

Biólogo de formação e interessado em filosofia desde cedo, Piaget dedicou sua vida a investigar como o pensamento se desenvolve [3]. Em Genebra, estruturou a chamada epistemologia genética e descreveu quatro grandes estágios do desenvolvimento cognitivo: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal [1, 6, 3]. Seu trabalho influenciou escolas, currículos e políticas educacionais ao defender que a criança aprende ativamente, por descoberta, e não por simples repetição [1, 2, 3].

O coração da teoria: como as crianças aprendem

  • Construção ativa: toda nova aprendizagem parte do que a criança já sabe. Ela assimila experiências e, quando algo “não cabe” nos esquemas anteriores, acomoda (ajusta) suas ideias [1, 2].
  • Conflito cognitivo produtivo: pequenos “estranhamentos” (por que o gelo flutua?) convidam a pensar [2].
  • Estágios com ritmos: as competências costumam seguir uma sequência, mas há variações individuais. Forçar “atalhos” costuma gerar frustração [6].
  • Jogo como linguagem do pensamento: brincar é a forma privilegiada de explorar, simbolizar, negociar regras e cooperar [4, 5].

Da teoria à casa: princípios práticos para mães e pais

  1. Brinque todos os dias — jogos de faz-de-conta, construção, regras simples. O adulto entra como parceiro que propõe, observa e ajusta (sem tomar o controle) [4, 5].
  2. Faça boas perguntas — em vez de dar a resposta, convide a pensar: “O que mudou?”, “Como você sabe?”, “O que acontece se…?” [2, 7].
  3. Ajuste o nível do desafio — tarefas um pouquinho acima do que a criança faz sozinha, oferecendo pistas (andaimagem) e retirando o apoio quando ela domina [7].
  4. Traduza o abstrato em concreto — sempre que possível, use objetos, experiências e exemplos do cotidiano [1, 6].
  5. Valorize o erro como dado — o erro não é falha moral; é pista sobre como a criança está pensando agora [1].
  6. Estabeleça limites claros e coerentes — constância e previsibilidade favorecem a autonomia responsável.
  7. Converse sobre regras e cooperação — combinar, revisar e cumprir acordos é terreno fértil para a moralidade em ação [8].

O que propor em cada faixa etária (guia rápido)

0–2 anos | Sensório-motor

  • Foco: exploração corporal e dos objetos [1, 3].
  • Em casa: jogos de esconder-achou, empilhar, encaixar, bater/produzir sons; nomear objetos e ações; rotinas previsíveis [4, 5].
  • Evite: excesso de telas e estímulos caóticos.

2–7 anos | Pré-operatório

  • Foco: linguagem, simbolização, faz-de-conta [1].
  • Em casa: histórias, desenho livre, dramatizações, coleções simples; perguntas abertas (“o que mais poderia ser?”) [4, 5].
  • Evite: exigir raciocínios reversíveis ou justificativas lógicas próprias do pensamento formal [6].

7–11 anos | Operatório concreto

  • Foco: lógica com base em objetos e experiências [1].
  • Em casa: experiências de conservação (líquidos em recipientes), medidas, culinária com frações, jogos de regra; participação em tarefas familiares com responsabilidade real [1, 8].
  • Evite: ensinar fórmulas sem materializar a ideia antes [1].

12+ anos | Operatório formal

  • Foco: hipóteses, argumentos, sistemas [1].
  • Em casa: debates guiados sobre temas do cotidiano, planejamento de projetos (tempo, custo, etapas), análise de diferentes pontos de vista; contratos de autonomia (liberdades + responsabilidades) [1].
  • Evite: confundir autonomia com abandono; presença segue essencial.

Mitos e verdades (em linguagem direta)

  • “Piaget é coisa do passado.” — Falso. A ciência atual refinou conceitos (como andaimagem e jogo guiado), mas a construção ativa segue sendo alicerce para práticas eficazes [2, 7, 5].
  • “Estágios são rígidos.” — Falso. São tendências de organização; crianças podem transitar e mostrar avanços específicos antes de outros [6].
  • “Brincar é só lazer.” — Falso. Brincar é trabalho intelectual e social da infância [4, 5].

Como conversar para promover pensamento

  • Troque “está errado” por “o que te fez pensar assim?” [7, 2].
  • Peça previsões (“o que você acha que vai acontecer?”) e justificativas (“por quê?”) [7, 2].
  • Dê feedback específico (“você comparou as duas alturas; isso ajudou a decidir”) [7].
  • Ao corrigir, mostre e convide a criança a ver (“olhe por este lado também”) [7].

Checklist prático (salve e use)

  • Reservar 15–30 min/dia para brincar junto [4, 5].
  • Propor desafios um passo acima do que ela faz sozinha [7].
  • Usar objetos reais para explicar ideias [1].
  • Perguntar mais, explicar menos (no começo) [7, 2].
  • Tratar erros como dados e revisar juntos [1].
  • Regras poucas, claras, combinadas e cumpridas [8].

Para educadores (ponte escola-família)

  • Planeje sequências didáticas da experiência ao conceito [1, 2].
  • Compartilhe com a família o tipo de pergunta que ajuda em casa [7].
  • Descreva objetivos em termos de competências observáveis (o que a criança consegue fazer).
  • Convide mães e pais a enviarem registros simples (foto, áudio curto) de descobertas cotidianas.

Conclusão

A contribuição de Piaget permanece atual porque fala de como a criança aprende: com o corpo, com os outros e com o mundo, construindo sentido aos poucos [1, 2]. Quando mães, pais e educadores adotam esse olhar, a casa e a escola tornam-se lugares de descoberta, e não de medo do erro [4]. Educar, aqui, é oferecer presença e projeto: desafios possíveis, perguntas boas, regras justas — e muito brincar.

Leituras essenciais (introdução acessível)

  • Piaget, J. Seis estudos de Psicologia (introdução breve à obra).
  • Flavell, J. H. “Piaget’s legacy” (Psychological Science).
  • Lourenço, O. “Developmental stages, Piagetian stages in particular: A critical review” (New Ideas in Psychology).
  • Yogman, M. et al. “The Power of Play” (Pediatrics).
  • Skene, W. et al. “Guided Play and Learning” (Child Development).

Referências

[1] Flavell, J. H. (1996). Piaget’s legacy. Psychological Science, 7(4), 200–203. https://doi.org/10.1111/j.1467-9280.1996.tb00359.x

[2] Barrouillet, P. (2015). Theories of cognitive development: From Piaget to today. Developmental Review, 38, 1–12. https://doi.org/10.1016/j.dr.2015.07.004

[3] Qiwei, L. (2024). Jean Piaget. In The ECPH Encyclopedia of Psychology. Springer. https://doi.org/10.1007/978-981-99-6000-2_136-1

[4] Yogman, M., Garner, A., Hutchinson, J., Hirsh-Pasek, K., & Golinkoff, R. M. (2018). The power of play: A pediatric role in enhancing development in young children. Pediatrics, 142(3), e20182058. https://doi.org/10.1542/peds.2018-2058

[5] Skene, W., Kucirka, L. M., Weisberg, D. S., Hirsh-Pasek, K., & Golinkoff, R. M. (2022). Can guided play support children’s learning? A systematic review and meta-analysis. Child Development. https://doi.org/10.1111/cdev.13730

[6] Lourenço, O. (2016). Developmental stages, Piagetian stages in particular: A critical review. New Ideas in Psychology, 40, 123–137. https://doi.org/10.1016/j.newideapsych.2015.08.002

[7] Winning, A. M., McDonald, K. L., Stringer, K., Mayhew, K., & Wade, M. (2020). Development of an observational measure of parental scaffolding. Journal of Pediatric Psychology. https://doi.org/10.1093/jpepsy/jsaa042

[8] Hammond, S. I. (2014). Children’s early helping in action: Piagetian developmental theory and early prosocial behavior. Frontiers in Psychology, 5, 759. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2014.00759

Anterior
Próximo
Compartilhar:

Leia também:

biografia Maria Auxiliadora de Souza Brasil

Maria Auxiliadora de Souza Brasil

Texto adaptado a partir do site da Fundação Souza Brasil (fsb.org.br). Biografia Maria Auxiliadora de Souza Brasil. Nascida na cidade

Leia mais
Eduque Seus Filhos com a Alegria de Amar

Busca Disciplina Positiva? Conheça uma Alternativa Mais Profunda para a Educação dos Filhos

Se você busca Disciplina Positiva, conheça A Arte de Educar — um curso fundamentado na Teoria Psicoterapêutica Analítico-Fenomenológico-Existencial (TAFE) que

Leia mais
Alumia Digital ícone – logomarca

ONDE A IDEIA GANHA FORMA,
LUZ E DIREÇÃO.

Links
  • Sobre
  • Contato
  • Blog
  • Loja
  • Privacidade
Contato

oi@alumia.digital
31 99882-8977

Belo Horizonte - MG

Alumia Digital é a marca fantasia responsável pela produção e oferta dos cursos e conteúdos em alumia.digital. A gestão administrativa, financeira e fiscal é realizada por Fabricabit Produções Digitais LTDA — CNPJ 50.923.759/0001-14


©2025 Direitos reservados